Soneto da vida
No limiar da vida já tão cedo
Negaste ao mundo tão vã cortesia
A dar-lhe o choro quando ele o sorria
Com afago paternal que aplaca o medo.
A seus olhos, tu eras mor mancebo
E a ti chegava inteiro em primazia
E de sonhos incólumes preenchia
O teu barro esculpido em pó de efebo.
Mas ao chegar do ocaso apetecido
Que a fogueira do tempo em si abranda,
Nela deixaste teu dom esquecido
Que a ti foi dado como merecido
Pelo mundo que em tudo nele manda
E à tua ausência jaz convalescido.