Leite de pedra
Como flor que no agreste desabrocha
E da lei soberana se desvia,
O varão, portentoso em rebeldia,
Planta e nutre o mais belo verso em rocha.
Da miséria que há tempos o afligia,
Como Horla de postura detestável
A tornar-lhe a existência miserável,
Com rima preciosa ele fugia.
O que leva teu verso cativante,
Composto por centenas de matizes,
A embalar o mais fraco dos passantes?
Como podes, oh caro retirante,
Ser em lira o mais nobre dos ourives,
Sendo em vida o mais pobre ignorante?