Leite de pedra

Como flor que no agreste desabrocha

E da lei soberana se desvia,

O varão, portentoso em rebeldia,

Planta e nutre o mais belo verso em rocha.

Da miséria que há tempos o afligia,

Como Horla de postura detestável

A tornar-lhe a existência miserável,

Com rima preciosa ele fugia.

O que leva teu verso cativante,

Composto por centenas de matizes,

A embalar o mais fraco dos passantes?

Como podes, oh caro retirante,

Ser em lira o mais nobre dos ourives,

Sendo em vida o mais pobre ignorante?

Damao
Enviado por Damao em 09/12/2017
Código do texto: T6194358
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