“Panhadores” De Café

Na estrada, à tarde, mais “de” tardezinha,

grudando em nossos suados rostos

aquela poeirinha fina

tão fina quanto agora os nossos ossos

que não suportariam mais nada

a não ser um filho esperando pra bola

a mulher que quer prosa

aquela caninha barata

vamos sacolejando no caminhão

cheirando a café na lona, no pé, aos pés

a fruto que ficou, se recusou a grão “sê”

sujos e cheirando a trabalho e comunhão

umas despedidas vão ficando pelo caminho

uma sensação de que não se apanhou sacrifícios

não se ganhou apenas o pão,

mas se colocou nas pontas dos dedos o coração.