Para Esquecer-se
A voz trava
E eu não sou de prata
Não sou do prata
A voz que canta
Também não é daqui
Não é daqui essa tristeza
O trem que leve o que deixou
O trem me leve quando for
A voz de lata
E eu não sou de marfim
Que fim deu esse amor daqui
Que fim se deu Maria, Joaquim
Quanto adeus para esquecer
Se esquecer de dar adeus
Seria tão bom se ninguém fosse
Para depois do fim, enfim cheguei
Dessa viagem a galopes, a galopes
Eu vim.
A voz procura
E não acha senão o canto
Quer perder o soluço, a solução
É cantar, é cantar, é cantar
Neste fim de mundo
Neste fim de tarde
A voz trava
É noite e eu não sou de prata
Nem sou de lá enfim
Milton Oliveira
06dez/2017