Fevereiro

Fevereiro escorre de mim

E as cartas não estão na mesa

Estão na manga rosa da cigana

Você com seu andar sonâmbulo

Acordou em outro lugar, de mim

Esta casa foi sua, nossa, minha

Fevereiro discorre de mim

O alvoroço nos salões, fina flor

E as mangas estão na fruteira

E a cigana lê o seu destino

Sobre o viaduto do Chá

Fevereiro talvez carnaval

Em nossas carnes rígidas

E já não ouso dizer seu nome

Tanta coisa para saber e esquecer

E não há lugar nesta casa

Que não seja perfumado

Eu mesmo sinto o cheiro

Das mangas ubá na mangueira

Eu mesmo desfilei na imaginação

Fevereiro no fim da fila

Eu beijei seus lábios partidos

Na hora de partir, partiu

Meu coração manga espada

Manga ouro seu coração.

Milton Oliveira

30nov/2017

milton antonios
Enviado por milton antonios em 08/12/2017
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