A noite em que comi meu coração.

Levei à boca, a carne pulsante, vermelha e quente

sangrenta e crua,

ácida, ardente.

As entranhas do meu peito,

que empurravam através de mim,

um rio de sangue e sentimento,

Não foi por fome que me canibalizei

foi por desgosto e tédio,

que resolvi me devorar,

que me castrei de toda paixão

e daquela quase imortal esperança

de que eu fosse capaz de sentir algo verdadeiro

novamente,

e novamente

depois de cada baque e de toda traição

Antes comido por mim mesmo do que devorado pelo tempo

pela passagem lenta dos dias

me corroendo a sanidade

Antes devorar meu coração

do que ser devorado por ele.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 07/12/2017
Código do texto: T6192827
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