TESTAMENTO
Apês, carrões, terras e cartões
São sombras na escuridão
Não vês? O brilho da solidão?
As rugas de quem aderiu ao sistema
O suor vertendo no fim do dia
A fome voraz pelo futuro
O espetáculo no teatro da vida
Que drama!
Uma peça sem ensaio para um final infeliz
Driblando as circunstâncias
Na metamorfose do viver
Nada além do sonho de ser feliz
Mesmo entre grades, muros e relógios
Em contagem regressiva
Sabores, dissabores, amores...
Quanta solidão!
No fim da linha uma certeza
Que um dia foi bom, mas tudo passa
Mestre na arte de vencer
E ser vencido
Gostos, desgostos, remorsos, amor, paz e guerra
Leitor, eleitor, chato, medíocre
Profissional, poeta, gente
Tudo, nada...
Tanta gente, dentro da gente
Agora sei que deixo muito menos aos vermes...