A MOÇA DE VESTIDO AMARELO
Eu que à fogo paixão matar-me-ei-te...
Eu que à fogo paixão consome...
Tenho medo
tenho receios,
me falta oxigênio
me falta um carinho
o coração clama forte
o fígado leva pontadas
é o amor a aflorar delícias de dezembro.
Onde achar esperança?
Me perco no marejar dos ventos
e angústias de labuta mental
pois poesia eu te ofereço na pobreza
dancem mendigos do fôlego intenso
eu me perco no amor teu rival em mim
passa-se o tempo e ela ainda não existe.
Dorme menino doente
na uti dos defuntos das memórias
é final de tarde na cidade escura
sem águas e luz do espírito padecemos
onde vai brotar a semente feminina?
Quando o farol do horizonte caírar?
Nas margens do perigo rapaz chora silencioso
no quarto da fartura do tempo bandido
jamais foi vista tão romântica metáfora dum adeus.
Menina de vestido amarelo
quando a primavera veste anjos desnudos
perdida está a esperança
perdido está o sabor vitorioso em maçãs
embebidos no mel final da espada cruel
dançam milhões de duendes cegos
crepitam fadas na alvorada de vidro
resfolegam ninfas abandonadas
o amor murcha no mês de Maio e afã.
Menina de vestido amarelo
quando vai o beijo curar solidão
no umbral dos pesadelos sucumbus
na orgia incumbus da política nervosa de sangue,
meu amor não vá no tornado lerdo
não se confunda na crisma de séquitos da sombra
dormem o florescer das rosas do campo frio
nunca haverá paz na Shambalah do sóis vermelhos
eu que me perdi e voando foi ao castelo do Céu
esse desejo complexo
que afina a alma uma espada de sete gumes
meu amor é ferina carência de um pacto.
Menina de vestido amarelo
quando uma carência atraí um gigante soneto
menina da minha esquizofrênia da ilusão
é beleza que não machuca
é divina neblina que rodopia
é música que sequestra o monstro do desejo
menina de vestido amarelo loucuras arrepiantes
morre um pobre nos lugarejos distantes
distantes do sol do Paraíso
do Paraíso de Herminia beata num lírio
lírios nascem crianças e brindam ogros
meu amor de vestido amarelo
é o ouro marinho que banha donzelas de rubís.
Moça de vestida delicada amarela és donzela
moça de lágrimas francesa Gabriela
que alardeiam chamego de mulher
nutrem alardes e fogo a ela alheia
és donzela de noite um mistério de nós honesta
das flores brancas da opala velha
de brancura as filiações madrigal
de beleza nevasca dos ventos outonal
que dança o amor a poesia lírica
atraí de ti sublime rima
diverte gracejos da letra divina
rimas a moça linda amarela filial
do orgulho alma pérolas amarela
és francesa doçura...
És francesa galesa...
És matrimônio viril das flores anteriores.
Amarela doçura do amanhã
de lutas e guerras de anjos e mortais
meu perdido medo que transtorna
que avança segredos do coração
há meu pobre e rico sangue
quem verá o azul?
Quem verá a lua partida e destruída?
Voem os duendes rumo ao Inferno belicoso
jamais vai haver poesias tão finitas nos lábios
pois francesa donzela de vestido amarelo
que sangrando a taça fruindo perfumes condói
amor meu ataca vislumbres da morte
é o pecado de Asael eviltado num caixão.
É menina quisera sentir
num suicídio triste e amante
tristeza que machuca
esperança de humanidade desejosos de amor
quando vestida donzela à amarelo em fim?
Destrói preconceitos do tempo martírio infante...
Morre menina
morre fadas,
morre lágrimas francesas
espurga ardores de vinhos
menina do vestido amarelo tu és rica
eu pobre
eu pobre...
Eu sei que também pensas no além
quando fechares os olhos à Cítara chamemos a lua
porquanto deuses nós invocamos eles sozinhos...
Jovem não cometa suicídio
faça poesia Ó Herminia...
faça poesia, e filhos...
Faça poesia, e filhos...
Faça poesia e... Filhos
faça, e depois serás imortal.