INVISIVEIS
Pelas ruas, em seus trapos...
Lá vão eles, lá vão eles com sacos nas
costas, rostos no embaço e passos fracos
... Mãos ao se estender, almeja um pão.
Sob o espaço da praça, lá estão!
No peito uma paixão... Alguns...
Apresentam, uma mímica,
uma musica uma poesia, uma expressão,
nunca apresentam uma ludibriação!
A fala, é uma fala com o coração.
Em seus rostos sobre o vento...
Duas lagrimas forma rios, expelindo
pelos fios das suas mãos.
Uma flauta no tempo... Assopra algumas
cordas velhas de um violão.
Uma canção no peito,
sorriso ao vento, choro na escuridão.
Passadas fracas, lá se vão, pelas noites
pelas ruas do frio... Ou um sonho
sob a velha caixa, de papelão.
Ali, sob relento, encontram-se com o abrigo.
Os olhos te olham, mas não te vêem...
Sua fome, ninguém sente!
Quando te olham, fingem não te perceberem.
Ali na rua escura, sob frio sob chuva
estas alheio em meio as suas agruras...
Estas alheios nos enleios das amarguras.
Alheio, a toda essa gente! Não chore,
não chore, siga em frente...
Um dia você irá morrer, eles irão morrer!
Todos irão morrerem, e os seus ossos...
Irão ser, como os ossos de todos eles!
Não chore... Não chore, a noite...
A lua deles, é sua também, de dia, o sol deles...
É seu também, não chore... Esse caminho
de quinquilharias... Roupas furadas
sapatos rasgados, pés descalços...
Ninguém vê! Ninguém vê seu medo tremulo
suas pernas mancando, cambaleando...
Ninguém vê o caos da sua miséria...
Nem a degradação do seu ser.
Sim, sim! São humanos também...
Mas não te ouvem, não te vêem,
não escutam o seu pedido de socorro!
Assim como não escutam o seu soluço
desesperançosos, ou sua fé descendo
o morro. Não chore, não chore... Você não
tem partida, não tem bom dia, não tem
boa tarde, boa noite... Eles também não
tem bandeiras, nem percebem que a vida
por aqui, é passageira. Sabe... Eles estão
esquecendo suas vidas, junto a sua alma
Não sabem que sua alma grita por amor
por coerência, não sabem, que suas noites
são desprovidas de sorrisos, de asas e de
sonhos... Não sabem que sua alma grita pela,
incompetência humana, nem que você vaga
por ai como se fosse fantasma em plena luz
do dia! Não sabem que seus dias soluçam
de medo de desespero, Não sabem que
sobre seus braços o futuro vem a óbito, a
todo momento dos seus dias... Não chore,
não chore eles te olham, mas não te vêem
te ver, é apenas mais uma faceta da agonia,
mundana.
Antonio Montes