DESABAFO DE UM SERTANEJO
Sou sertanejo marrudo, aflito, arredio,
meus pés só respeitam as ordens da seca,
da devastidão.
Sou sertanejo de alma calada, desmamada antes de nascer,
tonel de suor perfumado pelos cheiros deste meu chão.
Sou sertanejo capenga, doído, de sangue machucado.
louco por um teco de sombra neste inferno sem perdão,
como um desparafusado ser nesta terra sem dono,
como um pária amalucado que não tem mais pele pra se revestir.
Sou sertanejo apurado, desarmado de sonhos,
correndo atrás das sobras das sobras das sobras,
querendo morrer se assim trouxesse pingos de chuva,
querendo viver se assim pudesse sumir deste soco sem troco,
sem rima, sem cor.
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