TRUPE DE VENTO

Um trupe de vento passou por aqui

vindo, não sei de onde,

Indo... Sei lá e não sei se esconde

... Sem asas sem bonde,

Sem respeitar saia de moça

nem charuto de conde.

Esse vento, ouriçou placa...

Bandeira, roupa no varal!

Provocou... Carreira em potro,

tombo de bêbado

e voar de pombos.

Levantou pipas da molecada

poeira das estradas e atiçou...

Atiço areia sobre as águas.

Aquele trupe de vento que passou por aqui

.... Vindo não sei de onde...

Fazendo corrupio no cisco,

alegrou, cardumes de piabas dos rios...

Pássaros no estio,

farfalhou as folhas

disparou as hélices eólicas

espatifou o bocado da farinha antes da boca

ouriçou os cabelos da velha louca

e badalou os sinos das igrejas.

Aquele trupe de ventos que passou por aqui...

Passou trazendo águas e nuvens

levando as chuvas

alegrou, melou os olhos

Destampou as rolhas,

farfalhou as folhas...

Aquele vento que passou por aqui,

abrindo porta e fechando janelas...

Serpenteou por todas vielas!

Urrando que nem lobo...

Rangendo que nem dentes

esturrou, como se fosse um leão.

Aquele vento que passou por aqui

chiou venenoso, que nem serpente

desfez, procissões e saravas

jogou cisco na cuia do almoço

no momento de cear...

Despedaçou exame de abelhas

desmanchou rasto de ratos,

destrambelhou, voar de pato

provocou e oscilou as ondas do mar.

O bando de pássaro se foi com ele

voltou por causa dele

as borboletas ficaram alem dele

aquele vento, levou as velas da canoa

e o canoeiro, perdeu o dia de chegar.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 03/12/2017
Reeditado em 03/12/2017
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