TRUPE DE VENTO
Um trupe de vento passou por aqui
vindo, não sei de onde,
Indo... Sei lá e não sei se esconde
... Sem asas sem bonde,
Sem respeitar saia de moça
nem charuto de conde.
Esse vento, ouriçou placa...
Bandeira, roupa no varal!
Provocou... Carreira em potro,
tombo de bêbado
e voar de pombos.
Levantou pipas da molecada
poeira das estradas e atiçou...
Atiço areia sobre as águas.
Aquele trupe de vento que passou por aqui
.... Vindo não sei de onde...
Fazendo corrupio no cisco,
alegrou, cardumes de piabas dos rios...
Pássaros no estio,
farfalhou as folhas
disparou as hélices eólicas
espatifou o bocado da farinha antes da boca
ouriçou os cabelos da velha louca
e badalou os sinos das igrejas.
Aquele trupe de ventos que passou por aqui...
Passou trazendo águas e nuvens
levando as chuvas
alegrou, melou os olhos
Destampou as rolhas,
farfalhou as folhas...
Aquele vento que passou por aqui,
abrindo porta e fechando janelas...
Serpenteou por todas vielas!
Urrando que nem lobo...
Rangendo que nem dentes
esturrou, como se fosse um leão.
Aquele vento que passou por aqui
chiou venenoso, que nem serpente
desfez, procissões e saravas
jogou cisco na cuia do almoço
no momento de cear...
Despedaçou exame de abelhas
desmanchou rasto de ratos,
destrambelhou, voar de pato
provocou e oscilou as ondas do mar.
O bando de pássaro se foi com ele
voltou por causa dele
as borboletas ficaram alem dele
aquele vento, levou as velas da canoa
e o canoeiro, perdeu o dia de chegar.
Antonio Montes