"O VELHO POETA"

 

Dias virão que minhas mãos já trêmulas,

tendo a velhice franzindo-me a pele,

serão meus versos caídos de ansiedade,

terão saudade da outrora que hoje escreve.

 

Findo os meus sonhos de amor feito poesia,

tosca magia encobrirá meus traços,

talvez palhaço ridículo nas frases,

serei oásis do meu próprio cansaço.

 

Os meus cabelos prateados, desenvoltos,

caindo à testa marcada pelo tempo.

Ó um lamento por certo escapará,

pela tortura de um sonho desertado.

 

Quando a tormenta faminta da mortalha,

que envolve os corpos em vão, carnais,

fizer o aceno que está me esperando,

direi aos ventos poemas sem iguais...

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Não me perguntem, que não tenho resposta,

porque essa amostra de um tempo infortunado,

porque esse grito horrendo que me veio,

também não sei, só sei que sou poeta...
 
(imagem do google)