COSTELA DE ADÃO
Esparramo-me
num mar de sensações
que me invadem,
linha não demarcada do Universo,
sem pedir permissão...
Esparramo-me
nas notas de uma melodia
cheia de acordes de saudade,
alheia à escala
e sem a ordem inicial do Maestro...
Esparramo-me
num repente de loucura
sobre meu próprio corpo,
no meu desejo de mulher,
sem esperar licença...
Esparramo-me
cada vez mais e mais
num esparramar de boca, gestos, pele,
os vales do amor, sexo aberto,
sem exercer controle...
Esparramo-me
sem a sua presença
mas sob a sua inspiração.
imagem: Rosi Beltrão