SEXTINA : O SENHOR DO CASTELO
Do sonho à cicatriz sofre a lembrança
Do que perdeu, vazio o seu castelo,
Exceto pelo espectro, todo risos,
Que um dia – oh, fado! – já chamou de belo.
Suporta o lento escoar do que era tempo
Em seu jargão de cinza e de saudades.
Conhece pelo nome mais saudades
Que histórias no inventário da lembrança.
Se a vida, esse cerzir em dor e tempo
O que é mais frágil, ameaça o seu castelo
Tão pleno de silêncio, evoca o belo
Fantasma que devolve uns tetros risos.
Aquela corte, um dia toda risos,
É procissão de sombras e saudades,
Ninguém ficou, exceto o horror do belo.
Lamenta o latejar do que é lembrança
E à ponte sobre o fosso do castelo
Não chega mensageiro, exceto o tempo.
Carícia hostil com que lhe afaga o tempo,
Em cujo cenho não fulguram risos –
Nada ofendia o senhor do castelo
Naqueles dias que hoje são saudades.
Sozinho em corredores que lembrança
Estreita, arrasta o passo, alheio ao belo.
Quem vai dizer que esse fantasma é o belo?
O que se veste dessa angústia a tempo
De macular toda e qualquer lembrança
E ao fim surgir no espelho, todo risos...
E os dias são de inaugurar saudades
Nos átrios esvaziados do castelo.
Ninguém, perdido, encontrará o castelo –
Ou seu senhor e seu espectro, o belo...
– senão por fartos sorvos de saudades
Em trilhas esquecidas pelo tempo,
No outubro ao qual não cheguem, mais, os risos
Senão por ledo idílio da lembrança...
O senhor do castelo hospeda o tempo.
O espectro – que era o belo – inspira risos
Aflitos e saudades, dor, lembrança.
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Do sonho à cicatriz sofre a lembrança
Do que perdeu, vazio o seu castelo,
Exceto pelo espectro, todo risos,
Que um dia – oh, fado! – já chamou de belo.
Suporta o lento escoar do que era tempo
Em seu jargão de cinza e de saudades.
Conhece pelo nome mais saudades
Que histórias no inventário da lembrança.
Se a vida, esse cerzir em dor e tempo
O que é mais frágil, ameaça o seu castelo
Tão pleno de silêncio, evoca o belo
Fantasma que devolve uns tetros risos.
Aquela corte, um dia toda risos,
É procissão de sombras e saudades,
Ninguém ficou, exceto o horror do belo.
Lamenta o latejar do que é lembrança
E à ponte sobre o fosso do castelo
Não chega mensageiro, exceto o tempo.
Carícia hostil com que lhe afaga o tempo,
Em cujo cenho não fulguram risos –
Nada ofendia o senhor do castelo
Naqueles dias que hoje são saudades.
Sozinho em corredores que lembrança
Estreita, arrasta o passo, alheio ao belo.
Quem vai dizer que esse fantasma é o belo?
O que se veste dessa angústia a tempo
De macular toda e qualquer lembrança
E ao fim surgir no espelho, todo risos...
E os dias são de inaugurar saudades
Nos átrios esvaziados do castelo.
Ninguém, perdido, encontrará o castelo –
Ou seu senhor e seu espectro, o belo...
– senão por fartos sorvos de saudades
Em trilhas esquecidas pelo tempo,
No outubro ao qual não cheguem, mais, os risos
Senão por ledo idílio da lembrança...
O senhor do castelo hospeda o tempo.
O espectro – que era o belo – inspira risos
Aflitos e saudades, dor, lembrança.
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