A poetisa que virou poesia
Eu sou poetisa ferida
vivida
partida ao meio
Sou menina de asas quebradas, mas que ainda insiste em voar
Eu sou a filha da puta que chora e desabafa com músicas que parecem sentimentos escondidos
Eu sou arranhada
quebrada
fodida
louca
Mas sou da paz e guardo a paz dentro do peito cheio de vazios
Eu sou a dor
a pequena porcentagem do amor
a daltônica que vê cor
Sou a voz que canta desafinada
e o grito baixo
Sou o tudo
e principalmente o nada
Sou filantropa de palavras soltas,
mas que fazem sentido
Sou o sexto e sétimo sentidos
dos cegos e dos mortos
Sou a paixão dos deuses
e o pecado dos ateus
Eu me entrego na ilha
na superfície
no chão firme
Remo contra a maré de azar
e morro na praia dos sonhos
Sou de língua enrolada
palavra encantada
poesia falada
Sou a música e a melodia:
poucos sabem me tocar
Minha mente: confusão
Se me entenderem, ou ao menos tentarem, estou morta!
pois o que me mantém viva é esse ar de mistério que sopra em minha essência.