AI DE MIM.
Espere um pouco,
dê-me só mais dois minutos,
deixe eu desenrolar teus cachos,
feche teus olhos de prados
em tempos de chuvaradas,
quando me leu pela
primeira vez,
tudo estava ensolarado,
hoje um não sei o que
recobriu as esmeraldas,
nublou-se a tarde,
não há mais nada, os grilos
já não pipilam,
as flores não se abrem,
borboletas voam sem graça,
rios de expectativas
num verso mal amarrado,
espere, la fora a vida pulsa,
mas tudo está nublado,
ainda é dia, mas não é tarde,
a noite é uma vasta cama,
para sonhar acordado,
ai de mim, querer desenrolar
teus cachos, uvas verdes,
vinho tinto,
num coração retinto,
no encontro do mar,
o tempo vira águas passadas.