AI DE MIM.

Espere um pouco,

dê-me só mais dois minutos,

deixe eu desenrolar teus cachos,

feche teus olhos de prados

em tempos de chuvaradas,

quando me leu pela

primeira vez,

tudo estava ensolarado,

hoje um não sei o que

recobriu as esmeraldas,

nublou-se a tarde,

não há mais nada, os grilos

já não pipilam,

as flores não se abrem,

borboletas voam sem graça,

rios de expectativas

num verso mal amarrado,

espere, la fora a vida pulsa,

mas tudo está nublado,

ainda é dia, mas não é tarde,

a noite é uma vasta cama,

para sonhar acordado,

ai de mim, querer desenrolar

teus cachos, uvas verdes,

vinho tinto,

num coração retinto,

no encontro do mar,

o tempo vira águas passadas.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 27/11/2017
Código do texto: T6183955
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