Blastírio
Fazia tempo que as palavras não se faziam necessárias serem cravadas
Não é que os dias melhoraram, só apareceu um foco
Bem destruidor, mas que desviou por algum tempo a dor
Agora que passou, me vem os escombros, erros de sempre
Muito e mal feito, sem foco, sem jeito
Dentro da gana de ser perfeito, no mundo dos que fingem ser
E as palavras são multiplicadas, aplicadas sem pudor
Querendo sorrisos e calor, assim saiam as palavras
Elas voavam e eu não me importava
Estava sobre elas, e não me machucava
Quando elas voltam, dos atos em relatos
Dói e desalenta, a pior palavra o pior momento inventa
Diante dos olhos, diante do ar que passa
Mas a solidão, que sempre abraça, diante do mundo
Que insiste a qualquer custo, lhe puxar para a terra
Entre aqueles que querem passar por cima
E não se afogar sobre as frases da esquina
Entre observar a lua e a boca nua
Ao invés de pensar no que se deve fazer
Fazer antes de tudo, pela palavra inverter
Toda ordem do imprevisto, a palavra e o sujeito
Combinação do belo e do imperfeito
Que traz carregada de si, o sentido que molda
O impulso orgânîco que orquestra o nosso peito