LÁ VEM O TREM.
Vê lá, la vem o trem,
Boa Vista, Tabões, Águas Claras,
Dobla, Teixeiras, Moreira
Mostardas, Caatinga,
Abrêus , Contendas e Lageado,
lá vem o trem de tantas polis
rebentando em Alvinópolis.
Terra , semente, serpente,
mulher,missa mal rezada
,sino mudo na noite calada,
menino sem sonhos,
metido no mato,sem medo,
sem ambição de querer ganhar
uma estrela, estradas de terra,
cavalo trotão, amansa a terra
como os bravos os trovões,
rios minguados, olhos gordos
dilatam os prados.
Arados, terra tombada,guia de bois
ao sol alvejado.
Menino cresci como Imbaúba
do mato,
é manhã tem que ir estudar
o já inventado,
mas quando retorna a casa,
seu brinquedo é;
enxada , foice e machado,
assim decora o alfabeto,
memoriza a tabuada,
mas e a leitura ?
Livros não há para essa
classe dominada,
ele vai ao trabalho, sua unica
opção,
volta bem tarde, com o destino
nas mãos,
sua unica esperança é a farta
plantação,
menino da roça, quer uma
pitada a mais,
que abrande seus ais,
cresce e sua esperança
é encontrar uma menina
de tranças,
mas o tempo passa,
e a vida se encarrega de
outras aventuras,
e o trem continua passando
mas no entanto , e portanto
traz modernidade.
E os meninos já podem sonhar
como menos adversidades.