Rasgo o Véu

É cruel saber que não tenho o amanhã no prato

Mostrando o melhor da vida conosco

Aqui, gente que bate e leva

Ainda é sovada

Está acuada

Debatendo

Na lista

Desaforos vividos na casa

Terra

Pobres e ricos que perderam o sossego

Grade que blinda e enjaula

O bandido e o corrupto

O ladrão de galinha

Os homens de bem e seus filhotes

Cela apertada

Mijo dos homens dentro, tiveram tudo limpo para fazer direito

No início, bebés de fraldas engatinhando em estado angelical

Agora

Ébrios

Dominados pela cegueira que parasita-os,

Fracasso! Fracasso!

O natural pede fluidez

Ida

A ironia que o agora revela em atos

Traz o mistério lacrado a sete chaves

O amanhã

Que não é revelado

Mas Eu posso!

Deve ter outro jeito!

De entender os trejeitos que a vida tem

Para o sorrir natural

Viver o amor divino ininterruptamente

Por isto e além disto, eu posso!

Mover o véu que encobre o amanhã

Jogo-o fora

Antes

Rasgo-o

Não servirá ao menos para limpeza pesada

Vejo o amanhã que crio

Para mim e àquele que comigo respira

Para o bispo e a prostituta

Para o homem de bem e o bandido

Lanço este lamento em palavras para o alto

E de lá crio na tela colossal do juízo

A história do amanhã

Repaginada

Refeita e melhorada

Lá, não existe a criança barriguda

Depósito dos vermes

Os analfabetos e moribundos

O horror da pobreza

A pobreza do belo

Do bom

Vivo com aquele que comigo assiste o futuro

A glória almejada

Resplandecer fulgurante das primícias do Imorredouro

O real vivido pelos Grandes Espíritos de luz

Agora partilhado com o homem

Vejo o novo tempo

O nascer do amanhã

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 25/11/2017
Reeditado em 29/11/2017
Código do texto: T6182229
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