Pergunte-me: Cadê meus fins?
Do canto da janela, da frente que é separada da casa, pela beirada mora a privação, é o sol. Já o vi algumas vezes, mas, ele não pode ser privação porque se doa. Que dõe então. Pelo menos aqui em casa ele não tem passagem total. É privação do sol que noutro instante é doação, nesse momento eu espio.
Todos os meus sonhos estão no sol. Não tenho sonhos. Hoje amanheci confusa, não consigo achar a vida. Estou perplexa, pois, até ontem depois dele não havia sol, mas tinha a vida, sei que estava comigo em algum lugar, fato que me causa bastante estranheza. Não sei se respondo a isso. E por outro lado, caso decida perguntar-me ou seguir-me no que sou? não quero ser viciada em mim mesmo. Quero ver as crianças. - Pare! Devemos retomar. Cadê a vida? Fala-me!
Sessão I. Parte1.
Ontem fui dormir sem ideias. Lembro-me que estava tentada a afastá-las de uma vez pelo menos, mas, logo enchiam-me e fuçavam-me com imagens e cálculos. Algo em mim tem raízes que faz parir-me sem querer, creio nisso, por já pari muitas ideias, e sei que são minhas, derivadas dos meus instantes e frutos da expansão involuntária das minhas raízes. - E esse sol? - Qual o sentido? Eu realmente preciso ver os meninos, tenho dois.
E não posso dizer que não me sinta aflita. Algo em mim não tem respostas, por isso sigo, e não consigo achar as crianças, e ainda tenho que saber do Sol. O que ele quer comigo? Se ao menos dissesse a resposta da vida, ou quem sabe apenas da minha? Beiro um colapso. Entendo-o, mas, não consigo me entender. Num trem, choco-me comigo mesmo na encruzilhada. Se fizer um cálculo, devo estalar todas as contradições mim, como um choque. - Epa! Chegou um raio. É o sol, e dele, cadê o café?
Por outro via, não sei onde estão as crianças, não consigo achá-las, unicamente em mim. Todas elas estavam aqui, sob meu total, vingadas por mim, chocada de onde me usaram, por onde cedi passaram trasportes e acolhidas, dou-lhe comida, e onde elas estão? Aliás, nem sei o que digo. Devaneio. -Pare! Ei! -João é você? Ouço algo. É você vento? Quanto tempo. Perdi a vida? -Não sei. É tempo; É gato; -É vento? -Ei, Gato? É você? Tem alguém aí? - Que barulho é esse? - Vento, João, vulto? - fala-me que eu te direi quem és?
- Ahh já sei.- Lembrei-me. João não está na cozinha. - Ufa! Pensei que estivesse acordado. De outro modo, se João está dormindo, porque estou preocupada com Maria? Devem estar dormindo juntos, pois, ambos tem diferenças de idade pequena. Preciso me concentrar no Sol. E o que foi aquele barulho?
Sessão I.
Parte II.:
No café as perguntas não cessam. Respondo todas elas e ainda faço pose. Depois me desespero. Sei que me engano. É hoje que vou terminar esse dicionário e fazer a vida. - Epa! A vida? Não! É o café, preciso fazer o café e treinar a vida, me treina...
.... (toda sexta, próxima: 01.11)