Vão de Dor

Eu estive nos meus lugares interessantes

todos estiveram nos seus

compartilhar onde estivemos

é ocupar o mesmo lugar

ocupe então o papelão esticado no sol

abandonado com um copo de plástico deitado

pinga entornada

noite fria e hora demorada

dormida

noite achada dentro de um fusquinha

cão vigiando

amizade nova

parece que tem anos

ocupe o lugar daquele que abandonado

dorme sobre um galho

com medo de gato

o mesmo que forçou

sua solidão

comendo seu amor

devorando sua paixão

num pulo de susto

que até agora haja coração

abrace o ser que você não seja

seja sem ser

perceba então a lua do outro lado do muro

se pondo atrás do telhado

o sol azulando o céu

o canto do pássaro

o pingo do galho

o dia que de repente

chegou vagarosamente

o sangue que se renova no pulmão

pega impulso no coração

ocupe seu lugar

leve oxigênio

para o gênio que inventou a palavra

amar

mamãe

papa

ocupar o viver

não há como estar sem dá trabalho

ser feliz e sorrir sem sofrer

ocupar é bom

mas o outro lado da moeda

é você

o outro lado do muro

é onde você não está

sua falta ocupa um lugar

não como viver sem faltar

não há como viver sem ocupar

mas vamos ocupar

essa palavra

com alegria

força e amor

para que o outro lado da vida

não seja em vão

de dor

Poeta Pires Pena
Enviado por Poeta Pires Pena em 24/11/2017
Código do texto: T6181028
Classificação de conteúdo: seguro