Amor é amar.

Não existem fórmulas para amar, nem definiçoes para o amor. Ele simplesmente existe. Como as menores particulas e leis, que compõem o universo, que não encontramos uma explicação racional de onde vieram, que está em nós e em tudo a nossa volta, o amor simplesmente existe entranhado no carbono que estrutura cada parte do nosso ser, com maior ou menor concentração. Não existem pessoas sem amor, porque sem o amor, também não existiria o avesso, o ódio e ira. Nascemos do cruzamento de matérias, mas é o amor que nos permite chegar a esse mundo e com ele é que iniciamos nossa trajetória na vida, sem menor noção do que seja o mal, ou a deficiencia na concentração de amor em algumas pessoas nesse mundo, nascemos amando...

Amamos o braço que acolhe, o calor que nos aquece, o leite que nos alimenta, a voz suave que nos embala o sono, mas não odiamos o oposto disso. Somos amor, sabemos amar. O desconforto, não se traduz em ódio, mas em angústia por não sentir o conforto em amar o que nos faz bem, que nos deixa em um estágio de paz profunda, onde o sono é tao leve quanto a vida fluindo, sem nenhuma ansiedade, nenhuma expectativa, até que a hora de amar chegue novamente...

Nascemos amor, essa é que é a verdade e as pessoas que vamos encontrando ao longo da vida, vão nos contaminando, criando um sangria por onde vamos perdendo essa capacidade de amar, diminuindo nossa concentração de amor, focando o viver no que não temos, nos desconfortos, não nos pequenos prazeres, constantes como a fome saciada, uma noite de sono tranquila, abraços, carinhos, amigos, parceiros com quem se pode contar.

Nos ensinam cedo sobre disputas, vencedores e derrotados, sobre merecedores e não merecedores de honra, de felicidades, sobre força e poder, enquanto tentam conceituar o amor é ensinar a amar.

E a vida se desenrola, feito um rolo de arame farpado que precisamos ter cuidado onde tocamos na vida do outro, na mesma,proporção que temem tocar na nossa, porque nem tudo é amor, nem tudo é só desconforto e as vidas se cruzam em meio a dores profundas, frustrações e angústias, porque ja não reconhecemos, o pouco amor que nos resta e certos de que amar quem nos ama, ou alguma imagem idealizada, nos faz perfeitos e merecedores do melhor que a vida tem a oferecer e nos frustramos, quando descobrimos que os desconfortos é que nos ensina amar de verdade.

Um bebe com fome, quer leite, quer aconchego num colo, não importa se de uma negra, de uma branca... Quando sente frio, só quer ser aquecido, com retalhos até jornal num lar humilde ou com edredom caro, numa mansao, ele simplesmente amará, como a criança que brinca num parque quer alguém pra brincar com ela, um amigo, não importa quem, nem de onde veio ou quanto dinheiro tenha seus pais e quando encontra, simplesmente ama aquele momento de compartilhar.

Não, não tentemos explicar, enquadrar, padronizar o amor e o amar. Saibamos que somos amor, que ele está em nós e que é através dele que devemos tentar enxergar o mundo e que cada qual ama, segundo a concentração de amor que tem em si e que na mesma medida que desejamos oferecer amor, aumenta a concentração de amor que há em nós, a nossa capacidade de amar, de aceitar que a vida não é feita só de desconfortos, mas os contém, que não é feita de diferenças, mas que apesar delas, nenhuma é substancialmente importante quando entendemos que a melhor parte de nós é que nos torna iguais, a humanidade que se manifesta nas capacidades de amar e ser amável.