A UM POETA

poema pronto não tem fome

para o poeta é poema morto

para o leitor atento

o poema pronto

é um tipo vivo

leitura

pede complemento

faminta é a poesia

que

nos consome

*

incômoda

neblina

cobre um olho

enquanto

a trave entre os cílios

do outro

pisca um cisco

retira, pinça, limpa e olha

se veja, se olhe e repare

devolva

límpido

cristalino

olhar em volta

e agora

tome nota

do que falta na sobra

do que ninguém mais

fala

*

porque

menos triste

é rima infeliz

como se

mais feliz

já fosse

desencanto

fala

e escreve

e faz vibrar

por dentro

nervosa

ou mesmo aflita

a corda

vocálica

de uma

determinada fibra

metálica

da poesia

*

*

Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 24/11/2017
Código do texto: T6180831
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