QUARTO FARTO
Nesse quarto...
Todo farto de saudade,
o que ficou, foi...
A sobra d'essa paixão,
o odor do seu amor...
O cheiro do ramalhete, a flor
a saudade da anciã
a recordação da sofreguidão...
Burlando as lagrimas d'essa dor,
e o tic-tac desse triste coração.
A sombra desse deleito...
Tinge os sentimentos da volúpia!
enquanto, as marcas desses lábios grená...
Demonstram rascunhos dos beijos
que com anseios, me fez cavalgar
nas ancas d'essa sua garupa.
Pelos olhos d'essa janela...
Eu viajo n'um sonho,
n'um tempo...
Aonde a areia da ampulheta
sorveu os chamegos,
do nosso explicito relento.
Nesse sonho, eu sinto o seu arfar
sufocando os meus desejos
seus olhos em lampejos
seu corpo loco, em reboliços libidos
atiçando o bajular da sua voz,
nos tremores ineptos, dos timbres
dos meus ouvidos.
Aí, me atino em desatino
e vejo o fogo do meu corpo
em relâmpago atinando o pino
em movimentos locos.
Sob o olhar d'essa janela...
Eu tenho o gosto o sabor,
a fisionomia do seu corpo
os rebolos dos seus assopros...
Só não tenho o gozo gostoso
que ainda ontem foi pouco
mas, apimentou, o meu amor.
Antonio Montes