QUARTO FARTO

Nesse quarto...

Todo farto de saudade,

o que ficou, foi...

A sobra d'essa paixão,

o odor do seu amor...

O cheiro do ramalhete, a flor

a saudade da anciã

a recordação da sofreguidão...

Burlando as lagrimas d'essa dor,

e o tic-tac desse triste coração.

A sombra desse deleito...

Tinge os sentimentos da volúpia!

enquanto, as marcas desses lábios grená...

Demonstram rascunhos dos beijos

que com anseios, me fez cavalgar

nas ancas d'essa sua garupa.

Pelos olhos d'essa janela...

Eu viajo n'um sonho,

n'um tempo...

Aonde a areia da ampulheta

sorveu os chamegos,

do nosso explicito relento.

Nesse sonho, eu sinto o seu arfar

sufocando os meus desejos

seus olhos em lampejos

seu corpo loco, em reboliços libidos

atiçando o bajular da sua voz,

nos tremores ineptos, dos timbres

dos meus ouvidos.

Aí, me atino em desatino

e vejo o fogo do meu corpo

em relâmpago atinando o pino

em movimentos locos.

Sob o olhar d'essa janela...

Eu tenho o gosto o sabor,

a fisionomia do seu corpo

os rebolos dos seus assopros...

Só não tenho o gozo gostoso

que ainda ontem foi pouco

mas, apimentou, o meu amor.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 23/11/2017
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