O Corvo Negro e o Desejo

Corvo, corvo negro,

Da cor dos meus cabelos,

Voa para longe

Com o alforje do meu desejo

Deixa-me renunciado

Como quem coisa alguma quer

Nem do inferno

Nem do céu

Como alguém que

Tem coragem de ser

Aquilo que nada é

Um engano, porque se sou

O que não era há pouco,

Mesmo que não queira,

Algo eu me tornei de novo

E a outro desejo serei entregue

Para que o corvo atenda a meu apelo,

Ainda que eu já não leve

A mesma cor nos cabelos.