Vento solto
Venha vento, venha vento...
E o menino solta a sua pipa no ar,
e a lata de leite ninho no chão
e com a linha alinhada em sua mão...
Ele move a pipa sob ventos, p'ra lá, e p'ra cá,
e a pipa agradece, ziguezagueando e
fazendo caracóis com cambalhota sobre o ar!
Venta, vento, venta vento...
E o vento, venta no nariz e na linha
venta na pipa o no cheiro bom que vem
lá da cozinha! O vento vem... Vem e passa
pela fumaça, chaminé, e assovia, passa...
Pela fresta da casa e espia, o vento é
treiteiro... Venta com o sol, com a lua, venta
pelo horizonte e pelas ruas... Depois, sai por ai
levantando as pipas dos meninos, as saias das
mulheres, espantando os maribondos,
assoprando as roupas da varal e as velas das
canoas sobre as águas do mar... E como se
não bastasse, em seu impasse... Ele faz o que
quiser, no momento em que bem quer.
Venta vento venta! Pode ventar... És o bem
feitor do ar, e como tal... Você nunca pode parar.
Antonio Montes