Vento solto

Venha vento, venha vento...

E o menino solta a sua pipa no ar,

e a lata de leite ninho no chão

e com a linha alinhada em sua mão...

Ele move a pipa sob ventos, p'ra lá, e p'ra cá,

e a pipa agradece, ziguezagueando e

fazendo caracóis com cambalhota sobre o ar!

Venta, vento, venta vento...

E o vento, venta no nariz e na linha

venta na pipa o no cheiro bom que vem

lá da cozinha! O vento vem... Vem e passa

pela fumaça, chaminé, e assovia, passa...

Pela fresta da casa e espia, o vento é

treiteiro... Venta com o sol, com a lua, venta

pelo horizonte e pelas ruas... Depois, sai por ai

levantando as pipas dos meninos, as saias das

mulheres, espantando os maribondos,

assoprando as roupas da varal e as velas das

canoas sobre as águas do mar... E como se

não bastasse, em seu impasse... Ele faz o que

quiser, no momento em que bem quer.

Venta vento venta! Pode ventar... És o bem

feitor do ar, e como tal... Você nunca pode parar.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 22/11/2017
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