tela de tv

Interno da minha sala, mordomo da

minha chita, encontro-me viajando sobre

as ancas do pantanal ou sob as vielas dos

bairros avessos das cidades grandes.

D'essa vida de infindos planos eu vou

turistando por essa tela, sem balas perdidas

sem magia da cartola sob minha carteira...

Por esse ou por aquele ano, pelos aclives

e declives d'essa crônica esperança e pelos

açoites desse cruel desengano.

Como turista, eu sigo arrastado por essa TV...

E sem discriminação alguma, adentro sob

igrejas monumentais, castelos de reis e

rainhas, recinto parlamentais e presidências.

Sigo dando volta pela terra e pelo mundo

sem olhares de desconfiança, nem projeto

indireto de vagabundo. Vivo sonhos vivo,

vivo, e vivo. Tudo aqui, eu encontro sem

grana sob a imagem plana da minha sala.

É n'essa tela que o assalariado, desprovido de

poder aquisitivo, encontra... Lazer sonhos e

conhecimento... Essa tela é a promessa viva

e cancerígena da política ativa do nosso mundo.

Para o pobre o único lazer... É a tela de TV...

É nela, os shows musicais, teatro e a dança

é nela aonde se vê cheia e feliz... A barriga

de uma pobre criança.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 22/11/2017
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