tela de tv
Interno da minha sala, mordomo da
minha chita, encontro-me viajando sobre
as ancas do pantanal ou sob as vielas dos
bairros avessos das cidades grandes.
D'essa vida de infindos planos eu vou
turistando por essa tela, sem balas perdidas
sem magia da cartola sob minha carteira...
Por esse ou por aquele ano, pelos aclives
e declives d'essa crônica esperança e pelos
açoites desse cruel desengano.
Como turista, eu sigo arrastado por essa TV...
E sem discriminação alguma, adentro sob
igrejas monumentais, castelos de reis e
rainhas, recinto parlamentais e presidências.
Sigo dando volta pela terra e pelo mundo
sem olhares de desconfiança, nem projeto
indireto de vagabundo. Vivo sonhos vivo,
vivo, e vivo. Tudo aqui, eu encontro sem
grana sob a imagem plana da minha sala.
É n'essa tela que o assalariado, desprovido de
poder aquisitivo, encontra... Lazer sonhos e
conhecimento... Essa tela é a promessa viva
e cancerígena da política ativa do nosso mundo.
Para o pobre o único lazer... É a tela de TV...
É nela, os shows musicais, teatro e a dança
é nela aonde se vê cheia e feliz... A barriga
de uma pobre criança.
Antonio Montes