O POEMA QUE AINDA NÃO FIZ

Quero deixar num papel

qualquer papel

pode ser de embrulho

o poema clássico que sonhei fazer

nas rimas as minhas verdades não ditas

na métrica as minhas ilusões perdidas,

quero esboçar a certeza dos meus versos impessoais,

nas páginas do meu pensamento fantasmagórico

continuar buscando a primavera no abstrato,

quero deixar escrito no rodapé,

meu nome apenas, sem endereço

para que o tempo extermine-o

e o guarde indefinidamente

no armário do ostracismo