FLOR DO LÁCIO
Um par de taças na bandeja prateada
Circula, ó leitor, as bordas d'ouro, sussurrando
Assim como se fosse beber
Mas enganando
Desliza em torno sem cessar
Mas que seja muito devagar
Acaricia com os lábios, os dentes
Morde e quebra as taças
É cristal de açúcar, mastigável
Encaminha-te à mínima conchinha de som, ela te aguarda
Ali tu pousas, eis o ápice da linguagem
Escorrega para a elevação, fluente menina
Circula em busca do segredo da sintaxe
Do nascedouro de estrelas
Da palavra
Do leite das galáxias
Acompanha o declive até a entrada
Busca a fonte dos significados
O beija-flor envolve as páginas com as asas
Penetra o mais que na fonte caiba
O diálogo avança e recua
Até que venha uma fada
E preencha todo o espaço
Ora delicada
Ora invasiva
Comendo astros
Escrevendo versos
Nunca saciada