MARTELO DO TEMPO

Bate martelo, bate...

Bate o tempo sob o mundo

o ágio de todos os pódios

os ponteiros dos relógios

p'ra marcar hora e segundo.

Bate martelo, bate...

Bate as rodas sob os eixos

p'ra rodar pelos caminhos...

Bate nos galhos d'essas arvores

os ventos meigo com brisa,

os ninhos dos passarinhos

e a saudades dos que estão sozinhos.

Bate martelo, bate...

Bate a sentinela dos rumos,

o prumo de todas avarezas

as sentenças da condenação

sobre as regras das nações

e o pulsar dos corações.

Bate martelo, bate...

Bate as horas do calvário

os pregos sobre as mãos do Filho

as cartas do podre baralho

os trilhos dos descarrilhos

e o leite junto a seu calho.

Bate martelo, bate...

As tabuas de todas as naus

o tempo soprando as velas

as pedras da grande pirâmides

aquele olhar pela janela,

as lagrimas que ontem foi d'ela.

Bate martelo, bate...

Bate as estacas dos edifícios

seus ofícios sobre a tingida cor

os ricos podres, esnobes

apologia do poder

e a massacrarão dos pobres.

Bate martelo, bate...

As manobras das esplanadas

as heras e seus feitiços

os enguiços todos por nada

os pregos dos seus ofícios.

Bate martelo, bate...

A propaganda do Papai Noel

os chocolates da poderosa pascoal

nas redes dos infiéis...

Bate a bola que dispara

os cravos sob os pés do rei

a lança nos olhos da cara

a bala que no pobre disparam,

lutando por suas leis.

Bate martelo bate...

A marteladas dos milênios

os mundos que se fundiram

sob as lagrimas dos pequenos.

Bate martelo, bate...

Bate talhando suas esfinges,

as estatuas de Zeus e Cristos

e sues descobrimentos íngremes.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 20/11/2017
Reeditado em 20/11/2017
Código do texto: T6177124
Classificação de conteúdo: seguro