MARTELO DO TEMPO
Bate martelo, bate...
Bate o tempo sob o mundo
o ágio de todos os pódios
os ponteiros dos relógios
p'ra marcar hora e segundo.
Bate martelo, bate...
Bate as rodas sob os eixos
p'ra rodar pelos caminhos...
Bate nos galhos d'essas arvores
os ventos meigo com brisa,
os ninhos dos passarinhos
e a saudades dos que estão sozinhos.
Bate martelo, bate...
Bate a sentinela dos rumos,
o prumo de todas avarezas
as sentenças da condenação
sobre as regras das nações
e o pulsar dos corações.
Bate martelo, bate...
Bate as horas do calvário
os pregos sobre as mãos do Filho
as cartas do podre baralho
os trilhos dos descarrilhos
e o leite junto a seu calho.
Bate martelo, bate...
As tabuas de todas as naus
o tempo soprando as velas
as pedras da grande pirâmides
aquele olhar pela janela,
as lagrimas que ontem foi d'ela.
Bate martelo, bate...
Bate as estacas dos edifícios
seus ofícios sobre a tingida cor
os ricos podres, esnobes
apologia do poder
e a massacrarão dos pobres.
Bate martelo, bate...
As manobras das esplanadas
as heras e seus feitiços
os enguiços todos por nada
os pregos dos seus ofícios.
Bate martelo, bate...
A propaganda do Papai Noel
os chocolates da poderosa pascoal
nas redes dos infiéis...
Bate a bola que dispara
os cravos sob os pés do rei
a lança nos olhos da cara
a bala que no pobre disparam,
lutando por suas leis.
Bate martelo bate...
A marteladas dos milênios
os mundos que se fundiram
sob as lagrimas dos pequenos.
Bate martelo, bate...
Bate talhando suas esfinges,
as estatuas de Zeus e Cristos
e sues descobrimentos íngremes.
Antonio Montes