APELO INDIO (poema revisado)

Eu aqui e o branco lá.

tenho pavor da civilização

medo do trânsito e da prostituição

tenho medo da gonorreia, piorreia,

sífilis, drogas, medo da discriminação

medo das balas perdidas e corrupção

tenho pavor da civilização

tem as taras, alto índice de mortalidade

greve, calotes, assaltos, poluição

tenho pavor da civilização

com seus anticoncepcionais

sequestros e crimes sexuais

produtos químicos, aporrinhação

tenho pavor da civilização

tem chacinas, balas perdidas

fanáticos, corruptos, inflação

tenho pavor da civilização

taxa de lixo, multas, desculpas.

agendas, , horas marcadas, limitação

crediários, assaltos, marginais

agiotagem, dívidas, protelação

tenho pavor da civilização

com seus sapatos, gravatas, reuniões sociais

cortiços, multinacionais, Zé povão

enlatados, cosméticos, congelados,

propagandas, internet, competição

tenho pavor da civilização

saunas, analgésicos, estafas mentais

divãs, analistas, neuróticos, psicóticos

presídios, abatedouros, zoológicos

decretos , concretos, impunidades

carteiradas, imparcialidades, tribunais

sou índio exterminado pelo branco irmão

por favor, senhor insensível cara-pálida

eu quero distância dessa tal civilização.

Autor: Benedito Morais de Carvalho( Benê)

19 de abril- Dia dos Povos Indígenas (Dia do Índio)