A LA MANCHA, OS MEUS MOINHOS
Meus sonhos giram
movidos pelo vento,
dão-me energia.
Guardo-os como Amsterdã
o faz com seus moinhos,
prossigo em montaria.
A La Mancha, como Don Quijote
A enfrentar aquellos
de los brazos largos,
Fantasiosos gigantes.
Como em Criptana,
Sou moinho
vigiando o horizonte.
“Eles podem romper-me as armas,
Mas não meu coração”.
Inutilmente, poeta, inutilmente
Cartola, disseste em vão.
O mundo é um moinho,
Avisou-a
que não “triturasse sonhos”
no caminho.
Foram eles reduzidos a pó
Como em La mancha
entre pedras do moinho, a mó
triturando sementes
e desejos del Quijote de Cervantes.
E eu, que acredito no que penso,
deixo que gire o mundo,
a realidade eu dispenso
e procuro, bem fundo,
em Minh'alma, atrás da platibanda
a energia pura e eólica
dos moinhos de Holanda.
Dalva Molina Mansano