GUNGUZELA
A gunguzela, como fera...
Noite a dentro ela soa pelas ruas
sob postes de luzes amarelas,
e a alva prata da lua...
Ela passa pela calçadas pelas praças
com seu toque sem graça, atiçando
o cão, fazendo arruaça.
A gunguzela, esparrela, refestela...
Pelo silencio da noite, pelo sonho meu,
pelos vidros da minha janelas tinindo
sob o ressonado do sono d'ela.
Seu som sem moda, incomoda as bordas
abobadas do marasmo, as ondas do
sarro, e o mal gosto dos escarros...
A gunguzela, p'ra ser bela, se esparrama
sem trela, sem tramelas, colocando a
cidade em pé de guerra.
Antonio Montes