A ALERGIA


Achei que o rosto inchado tinha algo de lua cheia
Mudando humores e marés com tóxicos critérios.

Seu corpo estranha o que não diz respeito a ser bastante,
A máscara de edema dizendo ‘Eu sou uma outra!’.

As pálpebras fechando e restringindo as perspectivas,
Notícias do lá fora que não satisfazem mais.

Algo de lua cheia e mais sinistro, qual um Botero
Macabro, enfim, seria numa maja patológica.

Eis a resposta ao que lhe ofende tanto, o deformado
Esgar de aspecto fúngico, macio ao toque, abjeto.

A coisa em que banharam seus cabelos trouxe à tona
Ofélia adormecida em silenciosas águas negras.

O espelho só trará boas notícias na semana
Que vem, discreto mas sincero dum modo terrível.

Essa é a expressão dos ofendidos e das dores da alma?
‘Eu sou uma outra!’ diz a máscara – mantenho a calma.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 18/11/2017
Reeditado em 21/11/2017
Código do texto: T6175430
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