DESPERDÍCIO
Flores do campo, sensações de cetim,
Aroma silvestre nos ares da primavera,
Pétalas levadas pelos ventos da aquarela
Que faz tinir a saudade que não tem fim.
No íntimo das horas desenha-se a fantasia
Que o sol do verão tosta na areia nebulosa,
Vultos repletos do perfume que sacia a aurora
E bebe do orvalho uma dose do mel da utopia.
Em silêncio os sussurros parecem tumultuar
E carregar as folhas que caem secas e despidas
Num solo abandonado e portador das ametistas
Que curam os disfarces da vida que vive a flutuar.
Tempo em volúpia... Nuvens que riscam o éter
E desabam perante uma atmosfera meio tímida
A apática luz que cerceia os astros da metafísica,
Atirando-os contra os rochedos isentos de cateter.
Galhos entrelaçados dentre a fuligem dum espaço
Que resume a tristeza dos lampiões meio sem brilho,
Na singularidade de uma mocidade que é estribilho,
Gestos trazem olfatos que aliviam dores e cansaço.
A extravagância é a fotografia que estampa alegorias
Que no cosmos trapaceiam milagres que se consumiam!
DE Ivan de Oliveira Melo