DESPERDÍCIO

Flores do campo, sensações de cetim,

Aroma silvestre nos ares da primavera,

Pétalas levadas pelos ventos da aquarela

Que faz tinir a saudade que não tem fim.

No íntimo das horas desenha-se a fantasia

Que o sol do verão tosta na areia nebulosa,

Vultos repletos do perfume que sacia a aurora

E bebe do orvalho uma dose do mel da utopia.

Em silêncio os sussurros parecem tumultuar

E carregar as folhas que caem secas e despidas

Num solo abandonado e portador das ametistas

Que curam os disfarces da vida que vive a flutuar.

Tempo em volúpia... Nuvens que riscam o éter

E desabam perante uma atmosfera meio tímida

A apática luz que cerceia os astros da metafísica,

Atirando-os contra os rochedos isentos de cateter.

Galhos entrelaçados dentre a fuligem dum espaço

Que resume a tristeza dos lampiões meio sem brilho,

Na singularidade de uma mocidade que é estribilho,

Gestos trazem olfatos que aliviam dores e cansaço.

A extravagância é a fotografia que estampa alegorias

Que no cosmos trapaceiam milagres que se consumiam!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 17/11/2017
Código do texto: T6173953
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