CARTA ENGAVETADA
Hoje, eu estive lendo aquela carta, que se
encontrava, sob a gaveta das lembranças...
E sorri, quando li a parte em que você disse:
Que talvez um dia essa carta viesse parar, sob
a gaveta dos meus esquecidos... Ao ler essa
parte sorri ironicamente, sorri, porque eu nunca
lhes esqueci, e acredito que já mais te esquecerei!
É, eu queria que você não acertasse com essa intuição, mas ao mesmo tempo é pena que você
acertou. Sim, a carta encontra-se junto ao aperto
do meu coração, guardada sob a lembrança e acoplada aos sentimentos da saudade, e confesso...
Confesso que ali, contem o sentir do seu beijo
a marca do seu abraço e todo arfar dos seus desejos. Lendo aquela carta eu revivi as noites de luas, o
banco d'aquela praça as brisas sobre a nossa rua,
senti também, o perfume das flores do nosso jardim de amor. Ali n'aquela carta, eu revivi a sofreguidão
dos nossos corpos e o calor das juras da nossa
paixão. Ali n'aquela carta eu revivi o crepúsculo
que nos levou noite a dentro, o sorriso dos dias
e a saudações do rei sol sobre a nossa alegria.
Cada frase d'aquela carta, eu li há cada sopro... E,
Junto a outras frases, eu li... O beijo do seu adeus,
e também vi... A marcas dos seus lábios,
procurando os beijos meus.
Antonio Montes