BOBO

A língua do Bobo comporta dilemas,
     Compõe seus problemas
No arroubo de falhas e lapsos mais caros
À página muda que a deuses avaros
     À margem dos temas.

A fala sem música, esse seu dialeto
     Tão baço e incompleto,
Irrita até ouvido da estátua mais bruta.
Feliz, no em redor, é quem já não escuta,
     Alheio, bem quieto.

Agita seus guizos, posterga o final
     Do show mais banal
Com trágico traço, e, por Bobo, ainda arrisca
'Poesia!', diz ele, que ninguém confisca...
     Que fenomenal!

Não mede, não conta, não pesa, não dosa
     O dano que em prosa
Rasura, num surto epiléptico ou etílico
Que tem fã no frívolo e no necrofílico.
     Oh, noite horrorosa!

Aplausos, meu Deus, e quem sabe ele pára,
     Cansado, tomara!
E lá vem mais número insosso na língua
Do Bobo, cabrón, que a razão jaz à míngua
     De voz já bem rara.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 15/11/2017
Código do texto: T6172738
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