Me come inteira!

Coma todo prato

ou

nem peça cardápio.

Me come inteira,

sem deixar beira.

Além da besteiras,

de todas as maneiras.

Não sou petisco

sou combo [completo]

lotado de afeto!

Mastiga com raiva a imperfeição,

quando surto perdendo a razão.

Espreme os defeitos com as mãos,

faz amizade com o meu leão.

Degusta a falta de censura,

come a fatia crua

junto com as loucuras

visivelmente nua.

Suga forte a vaidade,

lambe a liberdade.

Abocanha com vontade,

todas minhas partes

meu sabor é a realidade!

Tempera a indecisão

cheira meu coração

nele mora o ruim e o bom

come; sente a reação

sou alguém em formação.

Sou prato quente

e

sou prato frio;

[eu]

sacio

seu

vazio!

Me bebe como cerveja,

além da tristeza.

Me bebe como vinho,

despertador de carinho.

Me aprecia como iguaria,

me usa como especiaria.

Seja eu o condimento

do teu sentimento!

Seja eu o defumador

do teu amor!

Seja eu o toque de sal,

que espanta o mal.

Seja [eu] o teu prato principal!

Engole meu tudo e meu nada,

engole meu dia e minha madrugada.

Engole minha calma e minha alma desesperada,

engole eu descabelada e toda perfumada.

Engole meu mau humor e minha risada,

engole minha qualidade e minha insanidade.

Engole meus limites e meus palpites,

engole a dor e a tentativa de ser flor.

Engole minha histeria e minha magia,

engole meu afago e meu pecado.

Engole meu fogo e meu jeito tosco,

engole meu grito e meu gemido.

Engole meu egoísmo e meu minuto de altruísmo,

engole tudo e se nutri com meu mundo!

Engole meu ser [inacabado]

engole meu ser [bagunçado].

Engole,

me come

ou some!

Se deseja

[perfeição]

não sou boa

[nutrição].

Vanila Celestino
Enviado por Vanila Celestino em 14/11/2017
Código do texto: T6171630
Classificação de conteúdo: seguro