FAZENDO DEUS PERDER O RUMO
Felicidade é ter alma desarmada,
os olhos acordados, a fé não embalsamada.
Felicidade é saber onde mora o vento,
e entender por onde andam as vértebras da certeza.
Felicidade é ser capaz de digerir as entranhas do medo
e nunca abandonar a vigília do querer-bem.
Felicidade é saber sacudir o candeeiro das dúvidas,
e ter a sabedoria de perdoar quem nos fagulhar de dor.
Felicidade é permanecer vivo diante dos torpedos da angústia,
semeando luz nos umbrais mais nefastos dos homens.
Felicidade é traduzir o que as membranas da saudade murmuram
e entender que são meras membranas - e nada mais.
Felicidade é atirar longe os estopins da derrota,
virando do avesso as rebarbas que de nada mais prestam.
Felicidade é ter capacidade de superar os próprios engodos,
as próprias falcatruas, os próprios fundos falsos.
Felicidade é não fugir do pó das manhas borradas,
dos fardos mal ajambrados e das querelas pouco aflitas.
Felicidade é ter no peito algo que faça Deus perder o rumo,
como um auto-legado de retidão e paz.
Felicidade é poder esculpir frases como se estivesse construindo
uma obra-prima e nela depositasse todo seu suor, toda sua raça,
todo seu encanto.
Felicidade é isso. E nada mais. Nenhum tiquinho a mais.
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