A poesia não sai de mim: É transbordamento sem mim que sou eu.
Todo dia vejo o sol e ele me diz:
"-Vou sumir."
Todo dia ouço passarinhos e ele me diz:
"-Vou parar."
Todo dia abro o olho e ele me diz:
"-Vou fechar."
Todo dia é dia, mas amanhã será outro dia.
A jornada começa, é outro dia, que apesar de ser o mesmo em mim, é para todos o começo de uma nova jornada.
Então amanhã sairei em mim, com todas as minhas decisões, que é ponto onde posso abrir os olhos, ver o sol, cantar e esperar. Mas o que devo esperar para amanhã? Devo ver as notícias, saber o que dizem, e depois, o que devo fazer? Ou será melhor perguntar a alguém. Talvez deva confiar em mim, mas qual deles? O de ontem sempre se confunde com o de hoje, e o de antes nem sempre é o do agora, ou será que devo esperar até amanhã para saber quem sou eu e decidir?
Não! Devemos ter ciência, crença, ideia. Ela é útil para decidir possibilidades. E de acordo com elas, somente assim posso ter um fim belo, portanto, devo partir e parir ideias. Temo que só assim chegue ao fim que é o bom do útil. Não! Muito confuso.
Então talvez deva perguntar a Sonsa, ela é moça-senhora dona de bar, deve saber dessas coisas. Sempre a vejo ouvindo e aconselhando sem replicar a fala, uma pessoa dessas deve saber o porque não se deve falar. E se ela resolver não falar, é possível que só reste o interior. Basta!
Vou decidir. Amanhã abrirei os olhos, sentirei o sol inteiro, repetirei os passarinhos e decidirei: mas só amanhã.