Uma Certa Madalena - Segundo Ato
Tudo tem o seu tempo
Como diz em tua palavra.
É tempo de despetalar
Pétala ternura menina...
Flor que nasceu outrora.
E regar tempos e temporais
Erguida em tua bravura
Com água da vida – sei que és
Pétala terna da tua mão...
E não careço nada mais não.
Chora, filha, chora o botão
Que há de surgir em tudo o que é novo
Despede-te deste ciclo
Pranteia os teus tantos prantos...
Mal compreendidos
Mal interpretados
Mal acabados
Pseudo sanados...
Ele saberá.
Amor, pai, irmão...
Deixa-me caber, descabida, em tua mão
Fortalece-me na minha fraqueza
Protege-me as portas do coração.
Madalena tua... redimida.
Madalena nua – de si.
Madalena flor – de ti.
Eu sei onde tu me foste buscar...
Somente por teu cuidado.
Somente por tanto Amar.
| Muitas Madalenas e Marias
Com suas lágrimas e óleos de ungir
Com suas verdades escancaradas
Batam àquela tua porta...
Há um teu jardineiro bem ali. |
Guardo-me a ti, meu senhor.
Tiraste-me de mim a mulher
E permitiste-me ser tua menina
Que carrega o teu Amor ao invés da dor
Vestida em vestes de flor.
Faz-me Amar com ainda mais ardor...
Faz-me servir sem nenhum temor
Aos teus pequeninos daquela escuridão
Lugar de onde tu me tiraste
De onde o teu Amor me encontrou.
Dá-me, à ti, toda a servidão.
.. uns, dizem que eu escandalizo.
.. eu, que estancas o meu pranto.
.. contigo, pai... danço a minha loucura
.. e testemunho, em ti, a minha cura.
.. eu .. lavaria os teus pés ..
.. mãos que me deram a mão.
.. guardo em toda a oração.
Karla Mello
11 de Novembro de 2017