Acredito no amor...
Acredito no amor que há nas músicas, no beijo que o vento dá nas flores, no olhar cuidadoso de uma criança para um brinquedo novo...
Eu queria acreditar mais em coisas sobre o amor, mas eu nasci pra dor, pro terror de estar perto de alguém e me achegar e beijar e gostar do beijo.
Eu nasci para escrever meias palavras, frases quebradas, poesias inacabadas enquanto ouço uma música que fala de alguém que foi embora.
Eu nasci para a safadeza e para realizar a proeza de ser a louca que não ama, que não clama, que não precisa de nada, mas que põe fogo na sua cama.
Eu nasci para desviar dos olhares de ternura porque a timidez me entrega e me condena a não ter aquilo que todos buscam, mas que muitos nem sabem realmente do que se trata.
Enquanto a sombra da noite caça e a morte mata, o amor descabido corta o peito até a garganta e fura a última bolha de esperança de quem se sentencia a amar.