Espelho pós-verdades

Eu sou um velho

Num corpo de dezenove;

Um dia eu leio

Outro eu varro

E de noite, faculdade.

Você sabe!

Livros, papéis e nada.

Eu sou um chato

Num mundo novo e apresado.

Neste mundo de pessoas,

De grilos e de vazios:

Eu só tenho

Os Livros, os papéis e o nada.

Eu sou um medroso, droga!

E a vida é intensa!

E as pessoas são fortes!

Está tudo errado!

Mas não há problema,

Nós ainda temos

Os livros, os papéis e os nadas.

Eu sou um velho, chato e medroso!

E o mundo é planamente redondo!

E enquanto vou lendo a vida passa...

O amor esfria e a alegria acaba,

E a poesia se torna cética e quadrada.

Enquanto vivemos embriagados

Nestes Livros, nestes papéis pra nada?