Sem assunto 2
Sei do momento em que nasce um anjo
E morre uma estrela na constelação
Sei do gosto de fel que há na boca do sicário
O pulsar da veia de quem vai dizer adeus
O despir-se da vida sem nenhum apego.
Sei de mim e não sei de ti, magoa
Que corrói a veia e os intestinos
Que corrompe e instala a náusea
Mas não sei de mim quando será
Que virá a paz do mundo, que virá
Me assoprar por dentro até passar
O que não passa, o que não passou
Longe de mim, e que não passou
O que surgiu da noite, noite imensa
O que esconde a mão dentro da atadura
O que mapeia o peito, o que é juiz
O que é sentença e não é juiz
O que viu um anjo por uma fresta
O que roubou a pérola da libertina
O que enlouqueceu pela noite densa
O que viu a morte e não quis morrer