A Procura de Mim
Enreda-se a linguagem
Na teia da inexpressividade
Mordaças de fios invisíveis
Vão cerzindo o cotidiano
Com linhas puídas e desbotadas
No olhar, um hiato
Um profundo vagar
Ausentando-me de mim.
Onde o alcançar-me?
Na indiferença dos lábios,
Diálogos de ocasos.
No dia que se derrama
Uma palavra que deserta
Preenchendo o silêncio
E ainda assim não ressoa
É eco órfão em outro olhar
A inequívoca surdez
Agride os tímpanos
Da pretensa cumplicidade
Na alma, apenas a frigidez
Enquanto soluçam na pele
Os afagos, beijos e carícias
Que se deitam nas noites frias
Em que o corpo deixa-se despir.
Fernanda Guimarães
Visite "De Amores e Saudades - Fernanda Guimarães":
www.fernandaguimaraes.com.br