JOSÉ, O APANHADOR DE SONHOS

Hoje acordei atordoado,

Acordei com uma vontade estranha,

Eu nunca tinha pensado nisso,

Será que eu sonhei?

Nem me lembro se foi um sonho,

Por isso não me perdoava,

Aquilo penetrou em minhas entranhas,

Passei a manhã remoendo aquela ideia maluca,

De onde vem essa vontade esquisita?

E ficava futricando meus pensamentos,

Que diabos de vontade é essa?

Nem lápis eu tinha,

Pra que? Se não sei escrever,

Quem sabe se eu pedisse um lápis a alguém,

E essa pessoa me ensinasse a ler e escrever,

Com certeza escreveria sobre o mar, os rios e os peixes é claro,

Pois o mar era seu vizinho e o rio desembocava nele.

Não sei não...

Sinceramente queria poder fazê-lo,

Mais cá entre nós,

Se nem sei pensar direito.

Sabe de uma coisa? Nunca estudei,

Só queria pescar.

Há! ...Uma rede de pesca eu sei tecer,

E sei aonde pegar os peixes grandes,

Mais deixe, estou pensando besteiras.

As vezes a noitinha fico admirando as estrelas,

Será que elas se comunicam umas com as outras?

Mais eu não escuto um murmúrio sequer delas,

As maiores têm um brilho danado de forte,

Outras pequeninas, até que não, mais tudo é estrela,

Então, o que devo fazer para matar minha vontade?

Papagaio velho não aprende a falar,

Já dizia minha velha mãe, que Deus a tenha.

Mais só por curiosidade,

Bem que gostaria de tentar,

Só para provar a mim mesmo,

Que eu seria capaz de escrever,

Eu ia me sentir um homem feliz e realizado.

Só sei que hoje acordei com uma baita vontade de versar,

Não sei se seria alguma coisa parecida com prosa,

Ou simplesmente um amontoado de palavras,

Quem sabe as estrelas não conseguiriam juntá-las pra mim,

Feito um quebra cabeça de trovas ou algo parecido,

E transformá-la numa linda poesia,

Eu ia ri muito dessa minha façanha,

Mais jamais iria dizer que foram as estrelas que me ajudaram,

Não importa, ninguém iria acreditar mesmo,

Seria pra eles uma tremenda heresia.

Será que alguém iria me chamar de Poeta?

Não sei ...acho que não.

Ouvi falar que para ser poeta tem que nascer Poeta,

Então nunca serei, pois já nasci José,

O irreparável apanhador de sonhos.

Juro, pelo menos o meu nome aprenderei a escrever,

Dizem também que para consegui as coisas tem que ter fé,

Pra mim isso já seria uma baita de uma poesia,

Então, eu não seria apenas José,

Eu seria o José, o Poeta.

Ricardo Nunes de Sales
Enviado por Ricardo Nunes de Sales em 08/11/2017
Reeditado em 12/04/2020
Código do texto: T6165837
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