Nódoa
NÓDOA
Eu rasguei as cartas,
eu rasguei o verbo, as veias
Danifiquei as datas, inexatas
Limpei dos pés as areias.
Eu pulei o parágrafo, o ponto a pedra
E saltei à frente, descrente
Penetrei na melodia estridente
E uni sorridente, amparo e queda
As fotos, engavetadas
Os sorrisos, arquivados
A poeira, na janela
As águas, passadas
A rima, paralela
Mas uma nódoa permanece sem cautela
E , sobre ela, o silêncio irremediável
Sina e sinal de que o tempo passa,
Mas do amor, a dor é implacável.