Rascunho ao devir
As minhas botas sujas
Os meus primeiros amigos
Meus singelos livros
E as vozes ora difusas
Num lugar
De que não me lembro mais...
Os dias se passam
Eu faço novos amigos
Compro novas camisas
E novas botas limpas
Nenhum deles terão cheiro de terra
Nem os risos de antigas eras
As minhas tosses secas
O grande castigo do ar
Meu coração em desuso
Ao que ainda vamos brindar
O que querem de mim? Que viva o agora?
Aceitei o tempo e o transcurso assim como aceitei estar
Assim como as ondas marinhas o marujo tem de aceitar
Aquele estranho pensador
Que caminha por entre amargas veredas
Entende tudo
Não pede nada
Pudera eu ser um Gilliat da Mancha
Sabe do céu e do ar sem levá-los nas algibeiras
Alheio ao mundo
Com o pé na estrada
Andaria nas areias da costa
Nas camas do mar e do tempo
Dormiria na rochas formadas
No sopro da ira do vento