Rascunho ao devir

As minhas botas sujas

Os meus primeiros amigos

Meus singelos livros

E as vozes ora difusas

Num lugar

De que não me lembro mais...

Os dias se passam

Eu faço novos amigos

Compro novas camisas

E novas botas limpas

Nenhum deles terão cheiro de terra

Nem os risos de antigas eras

As minhas tosses secas

O grande castigo do ar

Meu coração em desuso

Ao que ainda vamos brindar

O que querem de mim? Que viva o agora?

Aceitei o tempo e o transcurso assim como aceitei estar

Assim como as ondas marinhas o marujo tem de aceitar

Aquele estranho pensador

Que caminha por entre amargas veredas

Entende tudo

Não pede nada

Pudera eu ser um Gilliat da Mancha

Sabe do céu e do ar sem levá-los nas algibeiras

Alheio ao mundo

Com o pé na estrada

Andaria nas areias da costa

Nas camas do mar e do tempo

Dormiria na rochas formadas

No sopro da ira do vento

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 06/11/2017
Reeditado em 07/11/2017
Código do texto: T6163673
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