Beira-rio

Girinos no espelho d'água

garças estáticas

nas estacas,

sapos à espreita,

vacas e bezerros

matando a sede

pescador solitário

esbravejando com a sorte,

nenhuma piaba visgada no anzol,

nos voos rasantes

as libélulas molham suas bundas

deliberadamente,

lavadeiras de coxas

sutilmente á mostra,

nas pedras batendo roupas

meninos maliciosos

espiando entre moitas

tibungando excitados

nas suas imaginações...

o remanso remói

meus pensamentos

Rio Salgado

banhando o Ceará

banhando minh'alma

nas recordações

de suas águas passadas