MINHA BARBA ESTÁ BRANCA
Olhei-me hoje no espelho,
Por breves instantes fiquei a fitar-me,
Estou de barba branca e não tinha percebido,
Apenas por que fiquei três dias sem me barbear.
Fiquei depois a meditar sobre a minha vida,
Ela tinha passado tão rápido e não tinha percebido,
Como ela escorregou assim pelas minhas mãos,
Sem que eu a tivesse visto.
Por Deus! Eu a deixei simplesmente ao seu próprio destino,
Ou talvez ao meu prosaico desatino,
E a tenha deixado como simples caso de amor.
E esses anos todos o que fiz?
Pobre do meu coração,
Talvez nunca tenha amado de verdade,
Ou se amei e nunca me dediquei,
Sabia que nunca havia me dado conta que existia a flor,
Será que estive ébrio este tempo todo?
Ou estive sóbrio em minha própria mesquinhes,
Das minhas pobres convicções que me deixaram cego,
Será que nunca vivi emoções?
Será que pequei por não ter percebido a vida,
E me deixei órfão de mim mesmo,
Não sei como me explicar dessa falta de consideração,
Dessa total promiscuidade com a minha própria vida.